A internet como a conhecemos pode estar à beira de uma transformação radical, ou, como Alexis Ohanian, cofundador do Reddit, a descreveu, já está “morta”. Em uma entrevista concedida ao podcast Technology’s Daily Show, o empresário afirmou que a maior parte da rede global se tornou “robótica”, impulsionada pelo crescimento massivo de conteúdo automatizado por bots e inteligência artificial (IA). Essa declaração evoca a “teoria da internet morta” e sinaliza uma busca por plataformas sociais “comprovadamente humanas”.
Ohanian, que deixou o conselho do Reddit em 2020, tem sido um defensor de interações autênticas, ressaltando a necessidade de “espectadores e conteúdo ao vivo” na internet. A plataforma Reddit, inclusive, já implementa medidas para limitar o uso de seus dados por empresas de IA. Embora apps como Signal e Discord sejam vistos por Ohanian como o “padrão ouro” para conexões diretas e pessoais, ele observa que a própria IA já é amplamente utilizada para gerar ou editar mensagens em chats, o que impede uma inovação real.
A preocupação com o domínio da IA não é isolada. Sam Altman, CEO da OpenAI, já havia alertado sobre a proliferação de contas controladas por Large Language Models (LLMs) no X/Twitter. Estatísticas reforçam esse cenário: o relatório Advanced Persistent Bots Report de 2025 revelou que 50,04% do tráfego global da internet é composto por robôs, com 4,8% sendo bots maliciosos. Além disso, um estudo da Amazon Web Services (AWS) de setembro de 2024 indicou que mais de 57% do conteúdo online já era gerado por IA.
Este panorama aponta para um futuro onde a autenticidade online se tornará um desafio crescente. A Agência de Aplicação da Lei da União Europeia projeta que, até o final de 2026, impressionantes 90% do conteúdo online poderá ser sinteticamente gerado. Essa tendência global, noticiada também pelo Business Insider, levanta sérias questões sobre a veracidade das informações e o futuro da interação humana no ambiente digital. A busca por experiências “comprovadamente humanas” é, portanto, uma urgência tecnológica e social.
